Astrônomos descobrem 'impressões digitais' das primeiras estrelas do Universo

Achado irá ajudar cientistas a compreender melhor a natureza das primeiras estrelas que se formaram após o Big Bang

Astrônomos descobrem 'impressões digitais' das primeiras estrelas do Universo
Imagem artística mostra nuvem de gás com diferentes elementos químicos, ilustrados aqui por representações esquemáticas dos vários átomos. — Foto: ESO/L. Calçada, M. Kornmesser

Cientistas revelaram nesta quarta-feira (3) a descoberta de "impressões digitais" deixadas pela explosão das primeiras estrelas do Universo (veja representação artística acima).

 

O achado inédito é fruto de observações do conjunto de telescópios VLT (Very Large Telescope, em inglês), localizado no Chile.

 

Segundo os pesquisadores, três nuvens de gás cuja composição química corresponde à que se espera das primeiras explosões estelares foram descobertas.

 

Usando quasares, uma fonte de luz muito brilhante alimentada por buracos negros supermassivos no coração de galáxias distantes, os pesquisadores foram capazes de detectar e estudar essas distantes nuvens.

 

Isso é possível porque à medida que a luz de um quasar viaja pelo espaço, ela passa por nuvens de gás onde diferentes elementos químicos deixam uma marca.

 

Com isso, como cada elemento deixa um conjunto diferente de "riscas" nesse processo, cientistas conseguem encontrar e diferenciar essas pistas, analisando o chamado espectro eletromagnético, formado pelas ondas de rádio, micro-ondas e a luz que enxergamos todos os dias.

 

"A nossa descoberta abre novos caminhos no estudo indireto da natureza das primeiras estrelas, complementando plenamente os estudos de estrelas da nossa galáxia", diz Stefania Salvadori, professora da Universidade de Florença e coautora do estudo publicado hoje na revista científica AstrophysicalJournal.

 

E essas estrelas primordiais, que os cientistas acreditam que eram dezenas ou centenas de vezes mais massivas do que o nosso Sol, morreram rapidamente em poderosas explosões no começo do Universo.

 

Para se ter ideia, "logo após" (numa escala astronômica) o Big Bang, esses astros eram muito diferentes das estrelas que vemos atualmente. Quando surgiram, há 13,5 mil milhões de anos, estas estrelas continham apenas hidrogénio e hélio, os elementos químicos mais simples que existem na natureza.

 

Por isso, a nova descoberta dos cientistas promete trazer novas perspectivas para a observação desses astros.

 

O Observatório Europeu do Sul, por exemplo, responsável pelo VLT, tem planos ainda mais ambiciosos para a sua próxima geração de telescópios e instrumentos, como o futuro ExtremelyLarge Telescope (ELT), poderosa instalação que está sendo construída a cerca de 20km do VLT.

 

"[Com esse telescópio] poderemos estudar com um detalhe extremo muitas destas nuvens raras de gás, conseguindo finalmente desvendar a natureza misteriosa das estrelas primordiais", acrescentou Valentina D'Odorico, investigadora no Instituto Nacional de Astrofísica, na Itália, e coautora do estudo.

Autor: G1

Link: https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2023/05/03/astronomos-descobrem-impressoes-digitais-das-primeiras-estrelas-do-universo.ghtml