Polícia instaura dois inquéritos contra torcedor que invadiu gramado do Beira-Rio com criança no colo
Homem de 33 anos é de Canoas, sócio do Inter e entrou no campo com a filha de três anos
A Polícia Civil instaurou, nesta segunda-feira (27), dois inquéritos contra um torcedor do Inter que invadiu o gramado do Beira-Rio — com uma criança no colo — logo após o fim do jogo contra o Caxias pela semifinal do Gauchão na noite de domingo (26). O homem de 33 anos de idade é de Canoas, sócio do colorado e integrante de uma torcida organizada. Em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente, para não expor a menina, o nome do pai não está sendo divulgado.
O torcedor não tinha antecedentes criminais e estava com a filha de três anos nos braços quando entrou no campo, agrediu um jogador do clube da Serra pelas costas e depois um cinegrafista do Grupo RBS. O homem, já identificado, deve ser acionado para depor durante o dia, provavelmente às 14h.
A titular da 2ª Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA), delegada Sabrina Teixeira, informa que o sócio colorado responderá pelo artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Neste caso, submeter a filha a vexame e constrangimento. A pena prevista para este delito é de seis meses a dois anos de prisão. Nesta segunda-feira, às 15h, o pai e a mãe da criança prestarão depoimentos na 2ª DPCA.
— Vamos verificar a situação da criança, submeter ela à perícia para ver se sofreu alguma agressão. Além disso, vamos atrás da mãe desta menina para saber em que circunstância a menina estava no jogo, bem como se a mulher também estava presente — diz Sabrina.
Lesão corporal
O titular da 2ª Delegacia da Capital, delegado Vinícius Nahan, diz que o torcedor responderá a um segundo inquérito. Foi instaurado nesta segunda-feira (27) um procedimento sobre lesão corporal leve contra ele em relação ao cinegrafista agredido pelo investigado.
Sobre o jogador do Caxias, Nahan explica que lesão corporal é um delito investigado mediante representação, por isso é aguardado registro por parte do clube da Serra. A direção do Caxias aguarda a súmula da arbitragem para saber as medidas a serem tomadas. Sobre as demais agressões envolvendo jogadores e demais torcedores, Nahan explica que depende de outras representações para instaurar novos inquéritos.
— Se o jogador do Caxias registrar ocorrência contra o pai que invadiu o campo, ele responderá por duas lesões corporais. Se alguma outra pessoa representar criminalmente contra outros envolvidos, serão novas apurações em separado, com novas vítimas e novos suspeitos — explica o delegado.
Nahan ressalta que não houve flagrante porque o torcedor, após invadir o gramado e agredir as vítimas, saiu do estádio, por isso não foi nem submetido a uma audiência perante o Juizado do Torcedor. O Ministério Público (MP) informou esta manhã que a promotora titular da Promotoria do Torcedor, Débora Balzan, está aguardando as imagens oficiais para analisar o material e se manifestar sobre o caso no âmbito da proteção da infância.
A assessoria de imprensa do Inter informa que está colaborando com a investigação, mantendo contato com os dois delegados responsáveis pelos inquéritos instaurados. Além disso, o clube analisa o estatuto do torcedor para decidir a medida a ser adotada em relação ao sócio. Ele será submetido ao Conselho de Ética do clube.
O Inter ainda explica que tem 350 câmeras no estádio e que usou o sistema para identificar o torcedor, quando foi solicitado pela polícia. Sobre as demais situações que ocorreram, como demais agressões e brigas, o clube informa que está analisando todas as questões junto ao Departamento Jurídico.
Autor: GZH
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