Após ‘surpresa positiva’ com corte na taxa de juros, mercado avalia que Selic pode terminar o ano abaixo de 12%

Depois de três anos sem reduções, Banco Central decidiu baixar em 0,50 ponto percentual e indicou que deve manter ritmo em reuniões futuras; segundo economistas, taxa deve ficar em 11,75% ao final de 2023

Após ‘surpresa positiva’ com corte na taxa de juros, mercado avalia que Selic pode terminar o ano abaixo de 12%
Foto: PEDRO LADEIRA / AFP

Pela primeira vez em três anos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central baixou a taxa básica de juros, que ficou em 13,25% ao ano. A redução de 0,5 ponto percentual vem após sete altas consecutivas, que culminaram no período mais longo no qual a Selic esteve estacionada desde junho de 2019, quando foi mantida em 6,50% por 10 reuniões, ou quase um ano. A taxa não sofria cortes desde agosto de 2020, quando foi reajustada de 2,25% para 2%.

Para analistas do mercado, o nível de corte do órgão veio como uma surpresa positiva, pela magnitude da redução da taxa. O comitê indicou que deve seguir no mesmo ritmo de redução, caso haja uma manutenção do cenário positivo de redução inflacionário. Com isso, economistas estimam que a taxa de juros deva terminar o ano a 11,75%.

  

Camila Abdelmalack, economista chefe da VeedhaInvestimentos, afirma que o corte de 0,5 ponto percentual foi um pouco mais arrojado que o esperado pelo mercado.

“O Banco Central deu a largada no ciclo de corte de juros aqui no Brasil dando um cavalo de pau na expectativa majoritária entre os economistas e iniciou o ciclo com um corte um pouco mais arrojado e provavelmente isso deve repercutir positivamente nos ativos de risco e contribuir para um dia positivo do Ibovespa amanhã”, indica. Ela pontua que cortes futuros podem vir em uma magnitude de 0,75 ponto percentual em algum momento, mas a tendência é que continuem na faixa de 0,50 p.p..

 

Economista-chefe da Órama, Alexandre Espirito Santo ressalta que o Comitê sinalizou que em seus próximos movimentos avaliará os desdobramentos da inflação e, se o movimento permanecer favorável, novas quedas de 0,5 p.p. acontecerão nos próximos encontros.

“É notório que o cenário prospectivo de inflação está melhor, o que dá mais conforto para o banco central agir. Não somente o IPCA está mais favorável, como também as projeções no boletim Focus vêm retrocedendo nas últimas semanas, ancorando expectativas. Ademais, os IGPs da FGV estão apontando deflação, o que inibe um contágio maior sobre o índice oficial, via indexação dos contratos”, esclarece. Ele compartilha que a projeção de Selic para o fim do ano é de 11,75%, ao considerar que as próximas reuniões deverão trazer reduções de 0,50 p.p.

 

Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos, indica que o corte veio em uma magnitude maior do que a maioria do mercado considerava, que era de 0,25%.

“Também chama a atenção o comentário, no comunicado, de que o Banco Central antevê cortes de mesma magnitude, ou seja, define 0,5o ponto como o ritmo apropriado, a ser utilizado para os próximos cortes. Isso foi muito positivo e o mercado deve continuar reagindo bem, pois a Bolsa já vem se sustentando acima de 120 mil pontos há mais de um mês. Embora o mercado já precificasse um pouco disso, o efeito deve contribuir na margem positivamente ainda para as ações. Na economia real, há muita contribuição com custo do dinheiro ficando mais barato e os juros pressionando menos o resultado das empresas”, observa.

 

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, considerou como acertada a decisão, mas pondera que os cortes precisam ser mais intensos. “A decisão foi acertada, uma vez que não compromete o processo de combate à inflação e evita um desaquecimento maior da indústria e da economia. As expectativas de inflação têm passado por sucessivas revisões para baixo e a apreciação da taxa de câmbio, nos últimos meses, também representa mais um elemento positivo para esse cenário de controle da inflação”, avalia.

 

Autor: Jovem Pan

Link: https://jovempan.com.br/noticias/economia/apos-surpresa-positiva-com-corte-na-taxa-de-juros-mercado-avalia-que-selic-pode-terminar-o-ano-abaixo-de-12.html