Em festival em Paris, Lula cita 'dívida histórica' e diz que países ricos devem financiar preservação de florestas

Presidente disse que fará 'todo e qualquer esforço' para manter Amazônia 'em pé'. Lula também participou de jantar com o presidente da França, Emmanuel Macron

Em festival em Paris, Lula cita 'dívida histórica' e diz que países ricos devem financiar preservação de florestas
Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (22) que os países ricos têm uma "dívida histórica" e devem financiar a preservação de florestas, como a Amazônia. A fala foi em discurso no evento "Power Our Planet", no Campo de Marte, em Paris.

 

Segundo o presidente brasileiro, "não foi o povo africano que polui o mundo, não é o povo latino-americano que polui o mundo".

 

"Na verdade, quem poluiu o planeta nestes últimos 200 anos foram aqueles que fizeram a revolução industrial e, por isso, têm que pagar a dívida histórica que têm com o planeta Terra", afirmou.

 

O petista foi convidado pela banda Coldplay a participar do evento, que reúne apresentações musicais e discursos de líderes mundiais.

 

No pronunciamento, Lula repetiu o compromisso de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030, e disse que fará "todo e qualquer esforço" para "manter a floresta em pé".

 

"A Amazônia é um território soberano do Brasil, mas ao mesmo tempo ela pertence a toda a humanidade. E, por isso, faremos todo e qualquer esforço para manter a floresta em pé".

 

O presidente também convidou o público a viajar ao Brasil em 2025, quando Belém (PA) receberá a conferência das Nações Unidas sobre o clima, a COP 30.

 

"E queria terminar convidando vocês – que ouvem falar da Amazônia todo o dia, que acham que a Amazônia é o pulmão do mundo – para comparecer ao Brasil. Em 2025, iremos fazer a COP 30 num estado da Amazônia para que todos vocês tenham a oportunidade de conhecer de perto o ecossistema da Amazônia, a riqueza da biodiversidade, a riqueza dos nossos rios", afirmou.

 

"E que possam compartilhar com o povo brasileiro da preservação das nossas florestas e responsabilizar os países ricos para financiar os países em desenvolvimento que têm reservas florestais, porque não foi o povo africano que polui o mundo, não é o povo latino-americano que polui o mundo", continuou.

 

Após o evento, Lula foi recebido pelo presidente da França, Emmanuel Macron, para um jantar com participantes da Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global. O encontro ocorreu no Palácio do Eliseu, residência oficial do líder francês.

 

"Reencontro com Emmanuel Macron no Palácio do Eliseu", escreveu o petista em uma rede social.

 

Lula e Macron têm mantido boa relação — diferente do que ocorreu com o ex-presidente Jair Bolsonaro(PL).

 

Com a vitória do petista nas eleições, o governo francês se reaproximou do Brasil. Lula e o líder francês conversaram por telefone em janeiro e se reuniram em maio, no Japão, durante reunião do G7.

 

Antes, em 2021, os dois se reuniram em Paris. À época, Lula não era candidato ao Planalto e havia reestabelecido os direitos políticos.

 

Os líderes ainda devem ter reunião bilateral na sexta-feira (23).

 

Lula pretende tratar com Macron de temas como o combate ao desmatamento, a guerra entre Ucrânia e Rússia e divergências que impedem a entrada em vigor do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.

 

A participação no evento faz parte da agenda de compromissos do presidente na Europa. Nesta quinta, Lula já se reuniu com os presidentes da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez.

Autor: G1

Link: https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/06/22/lula-discurso-power-ou-planet-paris-coldplay.ghtml