Polícia investiga suposto caso de racismo contra cliente negro em supermercado de Porto Alegre

Cairê Moreira, de 28 anos, afirma que segurança o seguiu e o acusou de furtar uma caixa de chocolate, o obrigando a abrir a sacola de compras e mostrar a nota fiscal dos produtos. Estabelecimento alega que abordagem “se deu unicamente por questões de protocolo”.

Polícia investiga suposto caso de racismo contra cliente negro em supermercado de Porto Alegre
Consultor de inovação afirma ter sido vítima de racismo em supermercado de Porto Alegre — Foto: Reprodução/G1

A Polícia Civil investiga um suposto caso de racismo contra um cliente negro no Bourbon Shopping, em Porto Alegre. O consultor de inovação Cairê Moreira, de 28 anos, afirma ter sofrido discriminação racial por parte da equipe de segurança do supermercado no último sábado (21). Segundo ele, o funcionário do estabelecimento o seguiu e o acusou de furtar uma caixa de chocolate. Depois, o obrigou a abrir a sacola de compras e mostrar a nota fiscal dos produtos.

 

Em nota, a Cia Zaffari, proprietária do espaço, disse que lamentou o ocorrido e alegou que a abordagem ao cliente “se deu unicamente por questões de protocolo”. Segundo a empresa, “o pedido de conferência foi gerado pelo fato de o cliente ter retirado de uma sacola um produto que é vendido na loja, exatamente no momento do registro das compras e do pagamento no self-checkout, equipamento operado pelos próprios clientes”. O comunicado ainda cita reforço nas orientações em treinamento "com o objetivo de proporcionar aos clientes o máximo confronto e tranquilidade".

 

O caso está sendo apurado pela delegada Andrea Matos, da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância. Ela solicitou imagens das câmeras de segurança do estabelecimento para auxiliar na apuração. Cairê prestou depoimento segunda-feira (23). De acordo com a delegada, o caso pode ser investigado como crime de racismo.

 

"A princípio, há indício de racismo pelo que foi relatado pela vítima. Obviamente, precisaremos buscar outros meios de prova. Nesse tipo de caso é comum que façamos uso de imagens e prova testemunhal. É importante verificar se a abordagem foi baseada em fundada suspeita e se foi realizada no tempo e local corretos", explica.

  

Nas redes sociais, Cairê publicou um relato. Ele disse que estava acompanhado da namorada e, antes de ir ao Bourbon Shopping, o casal havia passado em uma loja de departamentos para comprar balas e chocolates. No supermercado, pegaram apenas lasanha congelada. Em razão do pouco volume, eles decidiram usar o terminal de autoatendimento para realizar o pagamento.

 

Cairê afirma que estava segurando a sacola com as compras da loja anterior e “de forma inconsciente” quase passou a caixa de chocolate no leitor de preços. A namorada teria o avisado e, então, ele colocou o produto de volta na sacola fornecida pelo outro estabelecimento. Segundo ele, o ato falho se deu em razão da condição de neurodivergente – o homem afirma ser diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

 

De acordo com o consultor de inovação, um segurança, um homem branco, viu o gesto dele e falou com um segundo funcionário, este negro. Cairê sustenta que ele e a namorada foram seguidos pela dupla por cerca de 200 metros, mesmo sem o alarme da saída do supermercado ter sido acionado. Então, o homem foi abordado, do lado externo. Ele teria sido acusado de ter furtado uma caixa de chocolate e, com isso, foi forçado a abrir a sacola e mostrar as notas fiscais dos produtos.

Conforme Cairê, após a apresentação da nota fiscal, que atestou não haver nenhuma irregularidade, um dos seguranças não o deixou reaver o documento. O homem afirma que tentou relatar a situação a um gerente, que, segundo ele, "deu de ombros, agindo com menosprezo e descaso". O supermercado nega que seus colaboradores não tenham devolvido a nota.

 

Fonte: G1

Link: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2023/01/24/policia-investiga-suposto-caso-de-racismo-contra-cliente-negro-em-supermercado-de-porto-alegre.ghtml