Entenda a relação de Tatá Werneck, Ronaldinho Gaúcho e outras celebridades com a CPI das Pirâmides Financeiras
Investigação parlamentar apura supostas fraudes de empresas que prometiam gerar patrimônio por meio de criptomoedas
Nos últimos dias, celebridades foram convocadas para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras. A investigação apura indícios de fraudes de empresas de serviços financeiros que prometem gerar patrimônio por meio das criptomoedas — moedas digitais, como o bitcoin, que não são emitidas por nenhum governo (como é o caso do real ou do dólar, por exemplo) e podem ser negociadas sem intermediários, como bancos.
Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que fiscaliza o mercado de capitais no Brasil, ao todo, 11 empresas teriam cometido fraudes com moedas digitais, divulgando informações falsas sobre projetos com a promessa de alta rentabilidade, como forma de atrair investidores e sustentar esquemas de pirâmide. Como resultado, os investidores teriam tido grandes prejuízos financeiros.
Desde que foi instalada, em 13 de junho, a CPI inquiriu testemunhas, ouviu suspeitos e quebrou sigilos bancários de pessoas e empresas relacionadas às denúncias. Em um prazo de 120 dias, prorrogável por até 60 dias, a Comissão deverá concluir as investigações.
A seguir, GZH reúne informações sobre a relação entre a CPI das Pirâmides Financeiras com Ronaldinho Gaúcho, Marcelo Tas, Tatá Werneck e Cauã Reymond. Confira:
Conforme o requerimento de convocação do ex-jogador, o site da empresa 18K Ronaldinho, em 2015, afirmava que a empresa havia sido criada naquele ano como uma marca de relógios esportivos. "Em 2019, já em parceria com o ex-jogador, foi criado um canal digital de trading e criptoativos com remuneração em multinível. A empresa afirmava trabalhar com trading e arbitragem de criptomoedas e prometia a seus clientes rendimentos de até 2% ao dia, supostamente baseado em operações com moedas digitais, o que levantou suspeitas de se tratar de uma pirâmide financeira devido às promessas de altos e rápidos retornos", diz o texto.
Segundo a defesa de Ronaldinho informou à CNN, o ex-atleta não se envolveu nem participou de qualquer esquema ou operação fraudulenta. A defesa ainda afirmou que ele não é sócio da empresa alvo das suspeitas e que ele é vítima da companhia, que usou seu nome "sem autorização".
Nesta quinta-feira (24), Ronaldinho Gaúcho não compareceu pela segunda vez à CPI. Ele era esperado para depor a partir das 10h, mas alegou que o "o aeroporto de Porto Alegre ficou fechado por causa de um temporal e os voos foram cancelados/atrasados". O relator Ricardo Silva (PSD-SP) e o presidente da comissão, Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), já indicaram que irão requerer a condução coercitiva do ex-atleta, ainda sem data marcada.
Na última segunda (21), os advogados de Ronaldinho entraram com pedido para que ele não prestasse depoimento. O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), indeferiu a solicitação. No entanto, assegurou ao jogador o direito de ficar em silêncio em relação aos fatos que possam incriminá-lo.
Relação de Tatá Werneck, Cauã Reymond e Marcelo Tascom a CPI das criptomoedas
Na quarta-feira (23) a CPI aprovou a quebra de sigilo bancário da apresentadora Tatá Werneck, do ator Cauã Reymond e do jornalista Marcelo Tas. Os três fizeram parcerias com a empresa de criptomoedas Atlas Quantum, que supostamente usava robôs para compra e venda de criptomoedas, em uma pirâmide estimada em R$ 7 bilhões.
Os atores participaram de campanhas publicitárias para a empresa. Já Marcelo Tas fez uma entrevista patrocinada com os donos da Atlas.
O requerimento de quebra de sigilo foi apresentado pelo deputado federal Paulo Bilynskyi (PL-SP) e tem a finalidade de "identificar se, após a cessação das atividades pela empresa Atlas Quantum, em agosto de 2019, os investigados receberam qualquer quantia da empresa", diz o texto. A CPI também autorizou o envio dos contratos feitos pela Atlas com os três artistas.
Diversos vídeos com Cauã e Tatá continuam disponíveis na página da Atlas Quantum no Facebook. Nas peças, os dois dão depoimentos falando por que acreditavam na empresa e no investimento em criptomoedas.
— Eu acho que as pessoas vão perceber que é um percurso natural, que elas precisam começar a ter maior controle sobre os seus gastos — diz Tatá. — Eu fiquei interessada por ter o domínio sobre algo que eu luto tanto e sempre lutei tanto para conseguir.
Tatá e Cauã ainda se uniram a um time de influenciadores para o chamado Desafio Investidores, um evento transmitido ao vivo nas plataformas digitais para divulgar a empresa e os seus serviços.
— Eu acho que as criptomoedas estão aí e a gente precisa olhar para elas —comenta Cauã. — Tenho alguns amigos que estão investindo e eles estão muito felizes.
Os advogados de Tatá Werneck divulgaram nota afirmando que a atriz recebeu “com profunda indignação a ordem de quebra de sigilo, pois não praticou crime algum”. Segundo a defesa de Tatá, como artista, “ela jamais poderia prever que a empresa se envolveria em fraudes anos depois”.
Ao ser questionado pelo Uol no Grande Prêmio de Cinema Brasileiro, Cauã disse que não falaria sobre o tema. Já Tas, na bancada do Jornal da Cultura, da TV Cultura, afirmou que não tem nada a esconder.
— O que está acontecendo agora é o seguinte, chama-se a atenção de atores e de comunicadores que têm contratos feitos com essas empresas (...) Imagina se quem fez propagandas das Americanas, por exemplo, fosse intimado para ir na CPI — questionou. — Eu não tenho nada a esconder. Já disse inclusive ao nobre relator que eu estou à disposição da CPI — acrescentou.
Tatá Werneck e Cauã Reymond foram convocados a prestarem depoimento no último dia 15 sobre as suspeitas de fraudes envolvendo investimentos com criptomoedas, mas não compareceram à Câmara dos Deputados após um habeas corpus do ministro do STF André Mendonça.
Autor: GZH