Sob pressão, Banco Central deve manter juro básico em 13,75% ao ano, maior nível em seis anos
Essa é a expectativa de economistas do mercado financeiro. Apesar do juro alto, mercado financeiro estima que a meta de inflação não deve ser cumprida pelo terceiro ano seguido.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta quarta-feira (1º) e deve manter a taxa básica de juros da economia estável em 13,75% ao ano, segundo expectativa do mercado financeiro.
Esse é o maior patamar desde novembro de 2016, ou seja, em pouco mais de seis anos. Se confirmada, essa será a quarta manutenção da taxa Selic nesse nível. A decisão será anunciada por volta das 18h30.
A expectativa do mercado financeiro é de que a taxa de juros comece a recuar somente em setembro deste ano, quando passaria para 13,5% ao ano. A projeção é de que a Selic termine 2023 em 12,5% ao ano.
Neste mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou abertamente o atual patamar da Selic, que gera despesas altas. Ele também tem defendido a queda da meta de inflação — como estratégia para redução do juro.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que conversou com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, sobre medidas para baratear o crédito no país.
O Banco Central tem autonomia, prevista em lei, desde 2021. Campos Neto, tem mandato até 2024 e tem dito que permanecerá no cargo até o término do período. Ele tem indicado que o BC reagirá ao aumento de gastos públicos autorizado por meio da PEC da transição, se necessário, com seu principal instrumento, a taxa Selic (aumentando ou mantendo-a elevada).
Consequências de juros altos
De acordo com especialistas, juros elevados têm vários reflexos na economia, entre os quais:
- Aumento das taxas bancárias: a tendência é que novos aumentos também sejam repassados aos clientes. Em 2022, os juros bancários subiram 8,2 pontos percentuais, mais do que o aumento registrado na Selic.
- Redução do consumo da população e afeta os investimentos produtivos, impactando negativamente o Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e a renda. Na semana passada, analistas projetaram uma expansão de 0,80% para o PIB nesse ano, contra uma estimativa de alta de 3% em 2022. Em 2021, o PIB cresceu 5%.
- Despesa adicional com juros da dívida pública: em 2022, a despesa com juros somou R$ 586 bilhões. Na porcentagem do PIB (5,96%), é o maior patamar desde 2017. Juros altos pressionam a dívida pública que, se muito elevada, pode interferir nos investimentos.
-Aplicações em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures, passam a render mais: em 2022, as vendas de títulos públicos por meio do Tesouro Direto bateu novo recorde.
Fonte: G1