Queda nos preços dos alimentos contribui para o Brasil ter deflação em junho
Em um levantamento que acompanha uma cesta básica de 13 itens, 6 tiveram redução de preço de um ano para cá.
O comportamento dos alimentos tem sido fundamental para a queda geral da inflação. É um grupo importantíssimo: as famílias brasileiras mais pobres comprometem até um terço da renda mensal para se alimentar.
Dá para ver na gôndola do supermercado: os preços dos alimentos já não sobem tanto de um mês para o outro. Alguns estão até mais baratos.
“Óleo, arroz, feijão... Baixou bastante o preço. Batata eu sempre compro. Mas, agora, deu uma boa baixada. Agora está melhorando, graças a Deus”, diz a cozinheira Elisabete Marcondes.
A inflação dos alimentos e bebidas, medida pelo IBGE, vem caindo mês a mês, e chegou a 4% no acumulado em 12 meses - até junho. Produtos essenciais no dia a dia dos brasileiros contribuíram para essa queda.
Em um levantamento que acompanha uma cesta básica de 13 itens, seis tiveram redução de preço de um ano para cá. Nesse período, o preço da cesta básica no Brasil subiu 0,57% - bem menos do que nos 12 meses anteriores, quando a alta ficou em 29%.
O preço dos alimentos é um dos principais fatores que têm puxado para baixo o índice geral da inflação, segundo os economistas. E duas das maiores quedas nesse grupo explicam o bom resultado. A primeira é o óleo de soja. A soja teve ajuda do clima e do câmbio para chegar no dia de hoje valendo menos do que em 2022.
“Abaixou bastante. Está ótimo o preço agora, viu? Porque ele já foi a preço de ouro”, conta a aposentada Maria Geralda Crescêncio.
O coordenador do curso de Ciências Econômicas da PUC do Paraná explica que soja e outros grãos tiveram safras recordes e que os preços não sofrem mais tanto impacto da pandemia e da guerra na Ucrânia - o conflito continua, mas os mercados de grãos e de fertilizantes já se reorganizaram.
“A redução desses impactos, que a gente teve de fora, começa a trazer os preços para um alinhamento mais estável e para preços anteriores, que a gente praticava antes mesmo da pandemia, por exemplo”, diz Jackson Bittencourt, coordenador do Cruso de Economia - PUC / PR
A segunda maior queda na cesta básica foi no preço da carne. O pesquisador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas diz que essa redução é resultado do clima e do ciclo de produção dos rebanhos.
“Tivemos uma condição climática mais favorável, uma chuva mais abundante, o capim cresce, o capim melhor, o novilho, come mais, aumenta a quantidade ofertada de carne bovina. Mas não é apenas isso, não é só qualidade do pasto. No momento que a gente conversa, está operando no momento do ciclo pecuário em que está aumentando a quantidade de animais sendo encaminhada para abates”, explica Felippe Serigati, pesquisador FGV Agro.
Isso significa mais carne no mercado. E quanto maior a oferta, menor o preço. Para os produtores, uma situação bem diferente daquela do início de 2022.
“Nós vivemos o pico dos preços na primeira metade do primeiro trimestre de 2022. Hoje, nós vivemos uma realidade diferente, os preços de arroba bem mais baixos, o preço do bezerro caiu bastante. O preço dos grãos também”, conta o pecuarista Francisco Manzi, pecuarista.
Autor: G1