Suspeito de agenciar 'escravizados do arroz' paga fiança e é solto no RS
Os trabalhadores estão sendo alojados no Ginásio Municipal de Bento Gonçalves
Um homem suspeito de ser o responsável pelo agenciamento ilícito de 56 trabalhadores resgatados em condições análogas à escravidão foi solto ontem (11) após pagar fiança. O nome do acusado não foi divulgado. Ele responderá ao caso em liberdade provisória. Em depoimento à Polícia Federal, ele ficou em silêncio.
A prisão ocorreu após a PF, o Ministério Público do Trabalho e o Ministério do Trabalho e Emprego deflagrarem uma operação na sexta-feira (10) em duas fazendas a 50 quilômetros da área urbana de Uruguaiana (RS).
Dos 56 trabalhadores resgatados até o momento em condições degradantes, dez são adolescentes. A operação segue em andamento em busca de outras pessoas que trabalharam no local.
Os investigadores querem saber se os donos da fazenda —- as estâncias Santa Adelaide e São Joaquim —- ou a empresa que comprou a produção de arroz eram os verdadeiros empregadores dos lavradores rurais.
O que mais os investigadores encontraram:
- Sem local para guardar a comida, as mochilas com marmitas azedavam na roça.
- Os lavradores dividiam entre si o resto de alimentos que ainda não tinham estragado;
- Formigas atacavam os alimentos dos trabalhadores enquanto eles estavam na roça;
- Comida fria. Não havia onde aquecer os alimentos;
- Agrotóxicos nas mãos de adolescentes. Eles retiravam uma praga da plantação, chamada de "arroz vermelho", manuseando agrotóxico;
- Parte do grupo retirava a praga com facas de cozinha, em vez de foices;
- Faltavam equipamentos de proteção, como botas, foices, chapéus, protetores solares;
- As contratações eram feitas sem documentos e registro oficial.
- Adolescentes trabalhavam enquanto fumavam maconha, fornecida pelos "gatos";
- Não havia primeiros socorros e nem uma pessoa a quem recorrer em caso de acidentes de trabalho ou qualquer eventualidade em uma área rural grande e longe da cidade.
Autor: UOL